Informação é nada sem orientação
97
250
13
Ao observar esses números, você consegue tirar alguma conclusão? Acha que têm relação entre si? Há alguma conexão entre eles?
Não dá para saber, né? Afinal, um número solto, dessa forma, é apenas um dado numérico sem nenhum significado. Podemos ordená-los (13, 97 e 250), mas na verdade nem isso traz um sentido a eles.
Vamos então adicionar alguns caracteres para chegarmos a uma nova interpretação:
97%
250 KM
13ºC
Agora, convertidos em informações mais precisas, esses números nos informam parâmetros de nossa experiência:
- 97 por cento interpretamos como quase uma totalidade;
- 250 quilômetros sabemos que é uma distância;
- 13 graus Celsius é uma temperatura baixa.
Ao contextualizar essas informações, expandimos nossa capacidade de interpretação.
E podemos ainda associar mais informações a esses dados:
Estou a 250 km de uma cidade onde agora faz 13ºC com 97% de umidade do ar.
Organizado dessa forma, passamos ao terceiro estágio, ou seja, interpretamos de acordo com a nossa experiência, vivência e conhecimento adquiridos ao longo da vida:
Estou a certa distância de uma cidade que está com baixa temperatura e que tem grande chance de chuva... Trouxe roupa de frio? Guarda-chuva? Enfim, são 250 km para pensar nessas possibilidades.
Mas por que explanei tanto sobre dados?
O volume de dados gerados nos últimos dois anos na internet é maior do que a quantidade produzida em toda a história da humanidade. Será que estamos aptos a associar e vincular dados às informações geradas? E mais: será que estamos transformando em conhecimento o que recebemos? Sem sombra de dúvida a capacidade do cérebro humano está longe disso, por isso a pergunta que fica é: há a possibilidade de, em um futuro não muito distante, dependermos do conhecimento e da decisão dos processamentos de dados dos computadores?
E o número de dados armazenados na internet vem crescendo mais rápido do que nunca. Tudo indica que até 2020 cerca de 1,7 megabytes de novas informações serão criados por segundo para cada pessoas do planeta. O volume gerado por segundo atualmente é impressionante, superando a capacidade dos mais poderosos dispositivos.
E, mesmo com essa toda quantidade de dados ao nosso redor o tempo todo, friso que informação é nada sem orientação.
A incapacidade de associar dados, refletir sobre eles, ou a falta de interpretação correta são recorrentes e tornam-se um problema a partir do momento que as pessoas se munem superficialmente, ou seja: buscam “manchetes impactantes”, mas dificilmente leem a respeito de um fato ou estudam um tema com profundidade. A praticidade de resumir uma informação em poucas linhas, muitas vezes sendo tendenciosa a ponto de fugir do contexto do acontecimento, gera uma interpretação rasa e simplista, principalmente àqueles que buscam não apenas dados, mas uma interpretação que associe uma orientação à informação.
Inteligência Artificial
No caminho contrário, a inteligência artificial vem absorvendo cada vez mais informações, evoluindo sua capacidade cognitiva de tomada de decisões e a aptidão interpretativa de situações para avaliar possibilidades e definir ações.
Longe de ter apenas aplicações mecânicas, as máquinas estão assumindo posições de destaque nas indústrias, comércio e na prestação de serviços. Sim, já estamos competindo diretamente com computadores.
Veja aqui:
Computadores capazes de aprender sozinhos estão próximos da realidade
É a partir dessa reflexão que reafirmo: informação é nada sem orientação. Nunca fomos tão absortos ao que nos cerca e nunca foi tão necessário ampliar nossos conhecimentos. Não é mais uma opção, é uma necessidade.
Investir na capacidade interpretativa trará maior discernimento e consciência de mundo. A informação está ao alcance das suas mãos, cabe a você escolher que caminho seguir – faça isso antes que uma máquina tome a decisão por você.

Conrado Melo
Gerente de Tecnologia e Inovação
Com formação nas áreas de Publicidade e Propaganda e Análise e Desenvolvimento de Sistemas, atua há mais de 12 anos na comercialização, elaboração e gerenciamento de projetos nas áreas de tecnologia, inovação, redes sociais e comunicação digital. Está na LabCom há 4 anos.